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Impacto no PIB de 2024 da calamidade no sul deve ser neutralizado por medidas de apoio, mostra SPE

Impacto no PIB de 2024 da calamidade no sul deve ser neutralizado por medidas de apoio, mostra SPE

Estudo da Secretaria de Política Econômica foi apresentado junto com Boletim Macrofiscal de julho. As medidas de auxílio do Governo Federal devem ajudar a mitigar possíveis danos que a calamidade pode trazer para economia

A Secretaria de Política Econômica divulgou nesta quinta-feira (18/07) a edição de julho do Boletim Macrofiscal. O documento, além das projeções para a economia brasileira para 2024 e os próximos anos, apresentou uma novidade. Foram realizadas estimativas dos impactos das chuvas intensas ocorridas no Rio Grande do Sul sobre o Produto Interno Bruto (PIB) de 2024, bem como as medidas de suporte ao estado. A conclusão é que a tragédia no estado tende a ter um impacto neutro na economia, em virtude das medidas de auxílio do Governo Federal, que irão ajudar a mitigar os possíveis danos das enchentes nesse ano.

Entre fins de abril e início de junho, o estado enfrentou um período de chuvas intensas que afetaram mais de 70% dos municípios, abrangendo mais de 85% da população do Rio Grande do Sul. As regiões mais impactadas foram a Serra Gaúcha, os vales dos rios Taquari e dos Sinos, e cidades da região metropolitana de Porto Alegre, como Canoas e São Leopoldo. As enchentes e deslizamentos causaram destruição significativa de infraestrutura, incluindo estradas, pontes e edificações, além de interromper serviços essenciais como eletricidade e telecomunicações.

A estimativa levou em conta os recursos totais autorizados, até o momento, para auxiliar na reconstrução, que já atingem cerca de R$ 109,5 bilhões (excluído o recurso destinado à compra de 100 toneladas de arroz), equivalente à cerca de 18,8% do PIB do estado em 2021. Excluindo antecipações de transferências e diferimento de tributos que ainda serão compensados em 2024 desse montante, e ainda parte dos recursos autorizados em linhas de crédito que devem ser utilizados apenas no próximo ano, esse montante cai para cerca de R$ 54,5 bilhões em 2024 (9,4% do PIB do RS em 2021).

Impacto neutro

A estimativa sugere que que o desdobramento econômico da tragédia, que deve se restringir a um impacto negativo estimado de 0,25 ponto percentual no PIB brasileiro de 2024, tende a ser neutralizado pelo impacto positivo das medidas de suporte, estimadas entre 0,2 e 0,3 ponto percentual.

“Nós construímos nossas simulações e chegamos a conclusão que do ponto de vista do produto eventos no Rio Grande do Sul tendem a ter um impacto neutro no crescimento do PIB brasileiro neste ano. É algo que ainda deve ser acompanhado, pois novas medidas deverão ser tomadas e novos impactos não antecipados poderão ser observados, mas os resultados econômicos dos meses de maio e junho tem surpreendido positivamente”, disse o secretário de Política Econômica, Guilherme Mello.

PIB mantido

O Boletim Macrofiscal manteve a projeção de crescimento do PIB de 2024 em 2,5%. Segundo o documento, o dinamismo das vendas no varejo e a crescente demanda por serviços prestados às famílias, impulsionados pela geração de novos postos de trabalho, aumento da massa de rendimentos e condições de crédito menos restritivas, são os principais motores do crescimento para o ano. A recuperação dos investimentos, refletida na expansão da absorção de bens de capital, também contribui para essa projeção.

Embora a projeção geral de crescimento tenha permanecido estável desde maio, houve revisões significativas nos setores produtivos. A expectativa para a agropecuária caiu de -1,4% para -2,5%, devido à redução nas estimativas para as safras de soja, milho e trigo, além dos efeitos da calamidade no RS. Por outro lado, a indústria teve sua projeção de crescimento ajustada de 2,4% para 2,6%, refletindo melhores expectativas para a indústria de transformação e construção. A previsão para o setor de serviços também subiu, passando de 2,7% para 2,8%.

Para o segundo trimestre de 2024, espera-se uma desaceleração moderada no ritmo de atividade, com um crescimento de 0,6% na margem. Esse resultado equivale a uma expansão interanual de 1,9% e uma alta de 2,1% no acumulado em quatro trimestres.

Inflação

A previsão de inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para 2024 foi revisada de 3,70% para 3,90%, incorporando os efeitos do câmbio mais depreciado e da calamidade no RS, além dos reajustes recentes nos preços da gasolina e do gás liquefeito de petróleo (GLP). Para as principais métricas de núcleo da inflação, a previsão aumentou de 3,40% para 3,70%.

Para 2025, a expectativa é de continuidade da desinflação, afetando tanto preços livres quanto monitorados. A projeção para a inflação medida pelo Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) para 2024 avançou de 3,50% para 3,60%.

O Prisma Fiscal de julho mostrou um aumento na projeção mediana para o déficit primário de 2024 pelo segundo mês consecutivo, interrompendo a trajetória de queda observada nos meses anteriores. A mediana das projeções para o déficit primário caiu de R$ 118,6 bilhões em janeiro para R$ 81,4 bilhões em julho, com a estimativa do último boletim de maio sendo de R$ 76,8 bilhões. A mediana das expectativas para a Dívida Bruta do Governo Geral em 2024 foi de 77,46%, ante 77,30% no Boletim de maio e 82,40% em janeiro de 2023.

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