Fazenda e BID planejam plataforma de hedge para investimentos do Plano de Transformação Ecológica do Brasil
Inovação financeira permitirá ao país atrair recursos de longo prazo para adaptação e mitigação ambiental
O Ministério da Fazenda e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) iniciaram a criação de uma plataforma inédita de soluções financeiras, que tem o potencial de reduzir o risco cambial para investimentos alinhados aos princípios socioambientais e de adaptação e mitigação de mudança do clima. De forma inovadora, as novas ferramentas têm a finalidade de atrair investimento verde, dentro do Plano de Transformação Ecológica do Brasil. Em um primeiro momento, a plataforma tem o potencial de mobilizar coberturas de até US$ 3,4 bilhões, cifra que poderá crescer ao longo do tempo.
"Esse instrumento visa minimizar os impactos de movimentos inesperados na taxa de câmbio, desencadeados por eventos econômicos extremos, os quais poderiam ter influência negativa na decisão de investir em países como o Brasil. Em breve, em conjunto com o BID, o governo brasileiro apresentará ao mercado a solução que deve estar disponível já em 2024 para novos investimentos na agenda de transformação ecológica", disse o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante o lançamento da iniciativa na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas.
Um dos pilares do Plano de Transformação Ecológica é a mobilização de investimento estrangeiro direto, principalmente de longo prazo, e precisamente um dos entraves históricos em economias emergentes e em desenvolvimento é o risco cambial associado aos investimentos e fluxos financeiros internacionais.
A plataforma, quando concluída, terá três dimensões: swaps totais, linhas de créditos para liquidez de investimentos em moeda estrangeira em caso de eventos de desvalorização cambial e mecanismos de cobertura de “riscos de cauda” para desvalorizações extremas. Esta plataforma estará disponível para investimentos de adaptação e mitigação ambiental, como reflorestamento, infraestrutura resiliente a tempestade em cidades, transição energética, hidrogênio verde ou agricultura de baixo carbono.
A plataforma dará mais segurança para a atração de Investimento Estrangeiro Direito em ações ambientalmente transformadoras. A iniciativa é integrada ao Plano de Transformação Ecológica, um dos pilares do Governo Federal na busca pela retomada do protagonismo internacional na agenda do desenvolvimento sustentável.
“Considerando essa urgência, o Brasil está comprometido em liderar esta agenda, disponibilizando instrumentos que viabilizem retornos atrativos aos investidores, promovendo, assim, um ciclo virtuoso de investimento sustentável e desenvolvimento ambientalmente responsável”, afirmou Fernando Haddad.
Os Bancos Multilaterais de Desenvolvimento podem ser instrumentais para viabilizar soluções. “No BID estamos acompanhando os governos da região em seus esforços para atrair investimentos com impacto ambiental positivo e transformador. Para enfrentar o problema na escala necessária, as inovações financeiras e a participação do setor privado serão fundamentais”, afirmou Ilan Goldfajn, presidente do BID.
Esta nova iniciativa se soma a outros passos do governo brasileiro e do BID. O Tesouro Nacional emitiu, em meados de novembro, seu primeiro título soberano sustentável, captando US$ 2 bilhões com condições comparáveis a de países com o selo de “investment grade”.
A arquitetura destes títulos foi elaborada em uma parceria entre a Fazenda, o BID e o Banco Mundial. O BID também tem concluído negociações para a conversão de dívida por ações climáticas, como ocorreu no Equador (US$ 1,2 bilhão) e Barbados (US$ 300 milhões), e tem auxiliado nações a emitirem títulos verdes, como Chile, Uruguai e Colômbia. Além disso, o banco tem o BID Clima, que dá desconto nos custos do financiamento de projetos se o mutuário atingir determinados resultados ambientais.
Com mais essa inovação financeira, o Brasil se posiciona para liderar no contexto da Presidência do G20 e de anfitrião para a COP 30, em Belém. E o BID confirma sua posição de sócio estratégico do governo brasileiro em um momento único de mobilização global no combate às mudanças climáticas.
"Em síntese, estamos diante de um momento crucial para redefinir o curso das ações rumo a um futuro mais sustentável e próspero. As medidas anunciadas hoje não apenas reafirmam nosso compromisso com a preservação ambiental e a transição para uma economia verde, mas também abrem portas para parcerias estratégicas e colaborativas que fortalecem nossa posição como agentes ativos na construção de um mundo mais equitativo e ecologicamente responsável", finalizou Haddad.