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"Succession" reflete drama real de empresas familiares - inclusive no Brasil

"Succession" reflete drama real de empresas familiares - inclusive no Brasil

Especialista alerta para as disputas e os prejuízos que podem ocorrer em processos de sucessão empresarial

Não é preciso estar nos estúdios de gravação da série Succession, da HBO, para entender o drama que é um processo de passagem de gestão para herdeiros. Um dia nos corredores de uma empresa familiar brasileira resolveria essa curiosidade. Por aqui, porém, a trama pode ser ainda mais difícil.

Empresas familiares representam a maioria no Brasil. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 90% das organizações registradas seguem o modelo familiar. Isso não seria um problema se as pesquisas globais não apontassem que apenas 33% desses negócios conseguem passar o comando para a segunda geração e, destes, 15% alcançam a terceira geração.

Em sua quarta e última temporada, Sucession vem apresentando, desde seu lançamento em 2018, a complexidade da sucessão de uma empresa familiar, incluindo desafios de governança, crimes contra o sistema financeiro e conflitos geracionais. A série tem atraído grande audiência e sido assunto até em congressos empresariais, como exemplo de como não se conduzir um processo sucessório.

De acordo com Ricardo Chamon, sócio-fundador do CSA Advogados e especialista em reestruturação de empresas, muito do que é visto no dia a dia dos negócios familiares é retratado em Succession.

“O desaparecimento repentino do patriarca da família e líder do conglomerado empresarial, sem uma definição prévia, clara e segura sobre a sua sucessão, tanto em termos patrimoniais quanto políticos, é uma representação do maior risco e temor. É deixar um grupo de empresas acéfalo, exposto a conchavos entre executivos, guerra de egos e conflitos de interesses entre herdeiros, ataques especulativos e predatórios de investidores e concorrentes, especialmente no mundo atual, em que tudo acontece com muita velocidade e num ambiente econômico global extremamente complexo”, analisa Chamon.

“Embora tudo pareça muito exagerado na forma em que assistimos os personagens agindo e interagindo, são inúmeros os casos de grandes grupos de empresas controlados por famílias, de diversas partes do mundo, inclusive do Brasil, que passaram por crises terríveis, originadas por disputas familiares tremendamente agressivas e destrutivas, que muitas vezes, ao longo de muitos e muitos anos de disputas judiciais, acabaram por modificar radicalmente os seus rumos, culminando, algumas vezes, em venda, outras vezes na divisão ou esfacelamento e, não raramente, deterioração, quebra e desaparecimento do negócio”, explica o advogado.

Um recente caso brasileiro ilustra esse tipo de problema na prática. O luxuoso hotel paulistano Maksoud Plaza, situado próximo à Avenida Paulista, fechou suas portas em 2021, após mais de quatro décadas de funcionamento e sete anos depois da morte de seu dono, o empresário Henry Maksoud. Por meio de testamento, ele havia deixado o Plaza para sua segunda esposa e um neto, mas a divisão de bens foi questionada judicialmente por seus filhos, e os custos do processo agravaram as dívidas acumuladas do empreendimento, prejudicando todos os bens que compunham o patrimônio do empresário. Antes de fechar, o hotel ainda entrou com pedido de recuperação judicial para pagar suas dívidas, cujo valor era de mais de R$ 81 milhões.

“Mesmo que cada ser humano, como indivíduo, seja único, o processo de sucessão evidencia demais a previsibilidade das atitudes e a tendência de se reproduzir erros óbvios. Daí, inclusive, a importância de agir preventivamente e não pagar para ver o que não queremos que aconteça”, finaliza Ricardo Chamon.

Para evitar um cenário do tipo no seu negócio, confira 5 dicas de planejamento para sucessão em empresas familiares.

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