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Entenda o que é ESG e por que a sigla é importante para as empresas

Entenda o que é ESG e por que a sigla é importante para as empresas

A sigla, uma das mais famosas do Brasil e do mundo, se refere a questões ambientais, sociais e de governança corporativa

O interesse de busca pelo termo ESG no Brasil praticamente triplicou nos últimos 12 meses até fevereiro de 2022. As buscas pelo tema cresceram 150% na comparação com os 12 meses anteriores, de acordo com levantamento do Google Trends feito a pedido do GLOBO.

O Brasil foi o país latino-americano que mais pesquisou a sigla ESG nos últimos 12 meses e um dos 25 países no mundo que mais buscou pela temática no período.

Em 2021, o interesse em ESG bateu recorde no país. Ou seja, nunca os brasileiros buscaram tanto pelo assunto quanto no ano passado. Mas será que todos sabem o que é, de fato, ESG, sua origem e importância, especialmente para empresas? Este artigo se propõe a explicar essas questões.

Primeiramente, vale entender o que significa cada letra do acrônimo “ESG”. A sigla vem do inglês Environmental (Ambiental, E), Social (Social, S) e Governance (Governança, G). No Brasil, também nos referimos a ela como ASG. Conheça em detalhes:

O termo foi cunhado em 2004 em um relatório feito pelo Pacto Global, braço da Organização das Nações Unidas (ONU) que tem o objetivo de engajar empresas e organizações na adoção de princípios nas áreas de direitos humanos, trabalho, meio ambiente e anticorrupção, em parceria com o Banco Mundial. O nome do relatório é "Who Cares Wins" (em tradução livre, "Ganha quem se importa").

Na publicação, o então secretário-geral da ONU Kofi Annan provoca 50 presidentes de grandes instituições financeiras sobre como integrar fatores sociais, ambientais e de governança no mercado de capitais.

No mesmo período também foi lançado o relatório Freshfield pela UNEP-FI, documento da Iniciativa Financeira do Programa Ambiental das Nações Unidas (UNEP FI) encomendado a um dos maiores escritório de advocacia do mundo, o Freshfields. A publicação analisa a importância da integração do ESG como uma forma de avaliar financeiramente uma empresa.

A sigla ESG passou, então, aos poucos, a ser usada no lugar do termo Sustentabilidade em diversos fóruns de discussão, relatórios e pesquisas. Tornou-se uma forma de se referir ao que empresas e entidades estão fazendo para serem socialmente responsáveis, ambientalmente sustentáveis e administradas de forma correta.

O ESG é muito mais do que a tradução de sua sigla. Tem se tornado sinônimo de responsabilidade socioambiental, reputação e credibilidade para as empresas.

Além disso, os critérios ESG estão totalmente relacionados aos chamados ODSs (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável), termo cunhado pela ONU para se referir aos 17 macrotemas que representam os desafios e vulnerabilidades que precisam ser endereçados por todos até 2030, para caminharmos no desenvolvimento sustentável do mundo.

Segundo o Pacto Global, o ESG nada mais é do que a própria sustentabilidade empresarial.

“Uma empresa que está em conformidade com práticas ESG entende quais são seus impactos negativos e positivos na sociedade e consegue agir sobre eles. É necessário minimizar os negativos e potencializar os positivos, assim como equacionar os prejuízos já provocados.”

De um lado, há benefícios corporativos cada vez mais evidentes. Segundo uma pesquisa feita em 2017 pela The Boston Consulting Group (BCG), empresas com desempenho superior em áreas ambientais, sociais e de governança (ESG) apresentam margens de valorização mais altas do que as que não se preocupam muito em incorporar questões ESG em seus negócios.

Uma pesquisa realizada pelo Global Network of Director Institutes (GNDI) mostrou que 85% dos quase 2 mil conselheiros consultados acreditam que, no longo prazo, teremos maior foco em questões ESG, de sustentabilidade e de geração de valor para as partes interessadas (os "stakeholders").

Já a consultoria McKinsey apontou em outra pesquisa que 83% dos líderes executivos e profissionais de investimento esperam que os programas ESG contribuam com o aumento de valor para os acionistas nos próximos cinco anos.

De outro lado, as questões ESG passaram a ser consideradas essenciais nas análises de riscos e nas decisões de investimentos de bancos, fundos de pensão, gestoras de investimentos, investidores internacionais e até os pequenos bolsos, o que coloca forte pressão sobre o setor empresarial.

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O que se busca é uma incorporação de métricas ESG com as tradicionais, financeiras e operacionais, das empresas. Assim, é possível ver de forma holística o comprometimento da empresa com a temática e avaliar os riscos futuros do negócio.

O ESG é frequentemente ligado a outra expressão: o capitalismo de stakeholders. Este nada mais é do que a integração da geração de valor econômico com a preocupação com as questões ambientais, sociais e de governança corporativa.

Isso deixa claro que o mundo vive o início de uma nova na forma de fazer negócios. Será cada vez mais necessário as empresas mostrarem sua responsabilidade e comprometimento com o mercado que atuam, seus consumidores, fornecedores, colaboradores, comunidades vizinhas, governos, mídia, organizações da sociedade civil e seus investidores (os “stakeholders”).

Do contrário, poderão perder receitas, serem alvo de boicotes de consumidores, se tornarem menos competitivas e até virarem obsoletas.

Ter uma relação saudável e sustentável com recursos naturais e a sociedade, mas sem deixar de pensar no lucro, é o principal desafio das empresas hoje que entendem que é importante aumentar o grau de engajamento ESG. Essa combinação é a base de outro conceito importante e muito discutido hoje: o Triple Bottom Line (TBL).

O TBL — também conhecido em português como Tripé da Sustentabilidade — foi criado pelo sociólogo britânico John Elkington, em 1994. Ele estabelece que os desempenhos social e ambiental deveriam ser incorporados às demonstrações de desempenho financeiro das empresas. O método se baseia em três princípios: People (Pessoas), Planet (Planeta), Profit (Lucro) — conhecido como os “3Ps da Sustentabilidade”.

Larry Fink, presidente da gestora americana BlackRock, uma das maiores do mundo, é um dos protagonistas da agenda ESG para os investimentos. Anualmente, ele publica cartas aos acionistas e ao mercado em que aborda tendências para os investimentos.

Foi em 2016 a primeira vez que ele mencionou a necessidade de as empresas olharem para fora de suas próprias paredes e levaemr em consideração fatores ambientais e sociais. Ao longo dos últimos anos vem trazendo argumentos de como a integração do E (econômico) com o ESG é relevante para quem quer ganhar dinheiro também.

A análise da evolução do tom e das questões levantadas em suas cartas mostram a evolução da própria temática ESG. Até poucos anos atrás, a questão da governança corporativa (G), respeito a investidores minoritários e corrupção eram prioritários.

O meio ambiente (A) ganhou espaço à medida que o aquecimento global e seus impactos foram ganhando os holofotes para além da academia. Agora, a nova fronteira está no social (S), que precisa avançar para além dos temas de diversidade e inclusão e combate ao trabalho escravo.

Em agosto de 2019, a Business Roundtable, associação que reúne as maiores corporações dos Estados Unidos, lançou um manifesto assinado por 181 CEOs de grandes empresas americanas reafirmando o compromisso dessas companhias com todos os seus stakeholders e com o bem-estar social.

Na ''Declaração sobre o Propósito de uma Corporação'', eles afirmam que a era do lucro acima de tudo estava chegando ao fim e deveria dar lugar a um novo capitalismo, mais centrado nos públicos com os quais as empresas interagem.

Isso mostra que há um movimento de engajamento voluntário das empresas e sociedade com um novo padrão moderno de responsabilidade corporativa.

Apesar de ser um tema guarda-chuva, ESG pode ser desmembrado em inúmeras outras questões e, nos últimos anos, diversas organizações internacionais se propuseram não só a detalhá-lo, como também compilar indicadores que possam medir o nível de engajamento de empresas de diferentes setores em cada item.

Para demonstrar suas práticas em ESG, as organizações precisam compilar, medir e divulgar essas informações, que, na maioria, são não-financeiras. O grande obstáculo hoje é como medir esse impacto e o avanço nas boas práticas ESG.

Dentre os principais “frameworks”, como são chamados os conjuntos de indicadores que se propõem a apresentar o nível de comprometimento ESG, estão: Global Reporting Initiative (GRI), Task Force on Climate-related Financial Disclosures (TCFD), Climate Disclosure Standards Board (CDSB), Sustainability Accounting Standards Board (SASB), International Integrated Reporting Council (IIRC), International Organization for Standardization (ISO 14001), The Prince’s Accounting for Sustainability (A4S), entre outros. Ainda se discute uma padronização única.

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